O III Seminário em comemoração ao Dia da África (25 de maio) teve como tema principal: “Arte, esporte e tecnologia na construção da cidadania”, no intuito de aprimorar a prática e a discussão, na comunidade escolar. Realizado no dia 26 de maio, das 8h às 11h 30min, no teatro da Escola Parque, contou com a participação dos gestores, coordenadores, professores e funcionários do Centro Educacional Carneiro Ribeiro e foi elaborado pela equipe de Articulação de Área.
A mesa foi mediada pela professora Darci Xavier e composta pelo Diretor de Projetos e Comunicação do Instituto Cultural Steve Biko Lázaro Cunha, Pedagoga e Vereadora Olívia Santana, Diretor do Grupo de Teatro Harambê Cristovão Silva e Professor e Estilista de Moda Cláudio Rebello. Xavier abriu o evento, com a leitura do seu texto Para uma linda juíza ou para uma juíza chamada Linda, no qual, trata da primeira juíza negra Luislinda Valois, que foi confundida com uma camareira, por um jornalista que escreveu para o portal de celebridades “Estrelando”, fato ocorrido na festa de encerramento da novela global Viver a Vida.
Outros temas como: importância da Lei nº 10. 639, de 09 de janeiro de 2003, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional e inclui no currículo oficial da Rede de Ensino Pública e Privada, a obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-Brasileira”, valorização da estética negra, como instrumento para a auto-estima e responsabilidade da escola, em ser um espaço de oportunidades e não de discriminação foram abordados pelos palestrantes e discutidos por todos, no debate final.
Confira o inscrito Para uma linda juíza ou para uma juíza chamada Linda, de Darci Xavier:
Para uma linda juíza ou para uma juíza chamada Linda
Ponha-se no seu lugar. Sentença condenatória! “Se não pode comprar material escolar de qualidade, vá fazer feijoada na casa dos brancos”. E a menina teimosa, teimou. Foi ser doutora. Ousou, foi ser Juíza de Direito. Era negra, mas, uma negra Juíza e nesta condição, certamente, não seria discriminada ou sofreria preconceito nunca mais.
Ledo engano, negro/a pode até ascender “sócio-economicamente”, mas, em algum momento ouvirá a sentença: Ponha-se no seu lugar. Mas, qual será mesmo o lugar do/a homem/mulher negro/a na sociedade brasileira? A nós estará destinado apenas o papel menor, ou podemos ser professor/a, operário/a, médico/a, político/a, artista, doméstico/a, enfermeiro/a, magistrado/a, camareiro/a ou qualquer outra profissão que escolher?
A menina teimosa teimou novamente. Ousou aceitar o convite de uma emissora de televisão e foi a público dar seu testemunho de superação. Ah!
O Correio Nagô funcionou a todo vapor, e a notícia espalhava-se como rastro de pólvora: “Drª Liuslinda estará dando seu depoimento na novela do ‘horário nobre’”. Deliciamo-nos com o reflexo positivo da nossa imagem.
Semana seguinte o Correio Nagô volta a funcionar já em clima de revolta, fraternidade e resistência: “Viram o que publicaram sobre a Drª Luislinda?” Não? Pois bem, um Portal publicou sua foto ao lado da atriz Natália do Vale, com a seguinte legenda: “Natalia do Vale, a Ingrid, afaga a camareira.”
Vale ressaltar, que Drª Luislinda nunca exerceu a digna profissão de camareira, logo, não me digam que foi engano.
Repete-se novamente a sentença: Ponha-se no seu lugar. E a menina teimosa está tornando-se obediente e, procura seu lugar, ou seja, em breve, muito breve mesmo, será a Desembargadora Luislinda Valouis.
Axé, mulher guerreira!
Darci Xavier.
Graduada em História e Bacharela em Direito pela UFBA.
Especialista em História e Cultura Africana e Afro-brasileira.
Coordenadora de Educação da UNEGRO (União de Negros pela Igualdade).
Para uma linda juíza ou para uma juíza chamada Linda
Ponha-se no seu lugar. Sentença condenatória! “Se não pode comprar material escolar de qualidade, vá fazer feijoada na casa dos brancos”. E a menina teimosa, teimou. Foi ser doutora. Ousou, foi ser Juíza de Direito. Era negra, mas, uma negra Juíza e nesta condição, certamente, não seria discriminada ou sofreria preconceito nunca mais.
Ledo engano, negro/a pode até ascender “sócio-economicamente”, mas, em algum momento ouvirá a sentença: Ponha-se no seu lugar. Mas, qual será mesmo o lugar do/a homem/mulher negro/a na sociedade brasileira? A nós estará destinado apenas o papel menor, ou podemos ser professor/a, operário/a, médico/a, político/a, artista, doméstico/a, enfermeiro/a, magistrado/a, camareiro/a ou qualquer outra profissão que escolher?
A menina teimosa teimou novamente. Ousou aceitar o convite de uma emissora de televisão e foi a público dar seu testemunho de superação. Ah!
O Correio Nagô funcionou a todo vapor, e a notícia espalhava-se como rastro de pólvora: “Drª Liuslinda estará dando seu depoimento na novela do ‘horário nobre’”. Deliciamo-nos com o reflexo positivo da nossa imagem.
Semana seguinte o Correio Nagô volta a funcionar já em clima de revolta, fraternidade e resistência: “Viram o que publicaram sobre a Drª Luislinda?” Não? Pois bem, um Portal publicou sua foto ao lado da atriz Natália do Vale, com a seguinte legenda: “Natalia do Vale, a Ingrid, afaga a camareira.”
Vale ressaltar, que Drª Luislinda nunca exerceu a digna profissão de camareira, logo, não me digam que foi engano.
Repete-se novamente a sentença: Ponha-se no seu lugar. E a menina teimosa está tornando-se obediente e, procura seu lugar, ou seja, em breve, muito breve mesmo, será a Desembargadora Luislinda Valouis.
Axé, mulher guerreira!
Darci Xavier.
Graduada em História e Bacharela em Direito pela UFBA.
Especialista em História e Cultura Africana e Afro-brasileira.
Coordenadora de Educação da UNEGRO (União de Negros pela Igualdade).
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